Morte de Mãe Bernadete foi ordenada pelo chefe do tráfico de drogas, diz Polícia Civil

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Polícia Civil da Bahia faz coletiva sobre o caso Mãe Bernadete — Foto: Natally Acioli/g1

Uma morte com requite de crueldade e que abalou não só a  Bahia, mas o país inteiro, pois a vítima era uma pessoa com muito prestigio em nossa sociedade. A ialorixá e líder quilombola Bernadete Pacífico foi morta a mando de um líder do tráfico de drogas na região do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. A conclusão foi feita pela Polícia Civil da Bahia, que divulgou a informação em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (16), em Salvador, às vésperas do crime completar três meses.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) divulgou que seis pessoas foram indiciadas, cinco pelo assassinato de Mãe Bernadete, e um sexto por posse ilegal de arma de fogo, em outro inquérito policial. O crime ocorreu na noite de 17 de agosto deste ano, na sede do Quilombo Pitanga dos Palmares.

A investigação apontou ainda que o tráfico montou uma barraca chamada Pitanga Point para comércio de drogas na região. Mãe Bernadete se opôs a essa situação.

Ainda segundo a Polícia Civil, há outros inquéritos em curso apurando tráfico de drogas e conflitos fundiários na região do quilombo em Simões Filho.

  • Executores:
    Josevan Dionísio dos Santos (foragido – tem mandados de prisão em aberto por homicídio e por fugir do sistema prisional. Tem atuação no tráfico de drogas): autor dos disparos contra Mãe Bernadete.
    Arielson da Conceição Santos (preso no dia 1º de setembro em Araçás): autor dos disparos contra Mãe Bernadete.
  • Instigador do crime:
    Sérgio Ferreira de Jesus, 45 anos (preso): instigou o homicídio e acionou os traficantes. Tinha se desentendido com Mãe Bernadete por conta da extração de madeira ilegal. Enviou áudios para traficantes instigando uma ação contra a líder quilombola.
  • Mandantes:
    Marílio dos Santos, o ‘Maquinista’ (foragido): 34 anos, segundo mandante, tem mandato em aberto por homicídio. Foi preso em 2018, alvo de operação Tarja Preta da PF e comandava o tráfico na região.
    Ydney Carlos dos Santos de Jesus, o ‘Café’ (foragido): 28 anos, tinha barraca na área do quilombo para festas e comércio de drogas. Discutiu com Mãe Bernadete que se opôs ao tráfico na região.
  • Indiciado em um segundo inquérito:
    Carlos ‘Gyodai’: preso por guardar as armas do crime e ter dado fuga a Arielson da Conceição Santos.

Dos cinco suspeitos, dois já tinham sido presos em setembro. Os outros três ainda não foram detidos. O indiciado por guardar as armas também está preso. A família da ialorixá contratou peritos particulares no início deste mês e cobrou celeridade da polícia. As investigações são acompanhadas por integrantes dos conselhos nacionais de Justiça e do Ministério Público. Dois dias após o crime, o CNJ enviou dois magistrados à Bahia para acompanhar as ações.

Mãe Bernadete fazia parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal. A sede do quilombo Pitanga dos Palmares, onde ela vivia, era monitorada por câmeras de segurança. Apesar disso, três das sete não estavam funcionando, por falta de recursos

 

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