Comissão de saúde promove debate sobre o Setembro Amarelo foco na pessoa Idosa

Foto: JulianaAndrade/AgênciaALBA

A Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa promoveu nesta terça-feira (19), na Sala Eliel Martins, a audiência pública “Setembro Amarelo: com foco na depressão à Pessoa Idosa”, uma proposição do deputado José de Arimateia (Republicanos). Precisando se ausentar para participar de uma reunião da bancada do partido, o presidente do colegiado, deputado Alex da Piatã (PSD), parabenizou o proponente da sessão por discutir uma temática tão importante, principalmente em razão do pós-pandemia, quando diversos problemas agravaram enormemente a saúde geral de toda a população. “Não tenho dúvidas que grandes sugestões vão sair desse encontro. Houve muitas mudanças, após dois anos de crise na saúde pública, e esta Casa do Povo deve dar a resposta para que a sociedade entenda o trabalho relevante que esta comissão do Parlamento quer dar ao Setembro Amarelo”, pontuou Alex da Piatã.

José de Arimateia, vice-presidente da comissão, destacou que a população idosa na Bahia, maior do que a média nacional, é a que mais tem crescido entre todas as faixas etárias, mas ressaltou que vem recebendo pouca atenção das autoridades competentes. Em decorrência deste fato, salientou o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, existe a necessidade de se debater o assunto, de forma a repensar as políticas públicas. “Em 2023, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) incluiu no calendário oficial a campanha Setembro Amarelo como meio de prevenção ao suicídio, uma triste realidade que atinge todo mundo e gera prejuízos à sociedade. A finalidade desta audiência é contribuir com informações de qualidade e fazer os devidos encaminhamentos, a fim de que casos como esses sejam evitados em nosso Estado”, frisou o deputado.
Profissionais qualificados de vários órgãos foram escalados para falar sobre questões vivenciadas atualmente por homens e mulheres que já passaram dos 60 anos. Rafaela Assis de Araújo Sales, psicóloga formada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), fez uma palestra sobre “Saúde Mental e a Pessoa Idosa – Desafios e Possibilidades no Cuidado”. Dentre outros conteúdos, ela apresentou aspectos gerais do envelhecimento da população de idosos, cobrou mais políticas públicas e ações coletivas voltadas para a prevenção da velhice, abordou sobre como tratar o sofrimento psíquico nesta fase da vida e relatou as consequências do isolamento social no período da crise do coronavírus.

 

CUIDADO INTEGRADO

Rafaela Assis, que também é analista técnica de Psicologia na Especializada de Proteção aos Direitos da Pessoa Idosa da Defensoria Pública do Estado da Bahia, defendeu a necessidade de uma maior articulação das redes, não só de saúde, que promovam um cuidado integrado, fortalecendo as políticas públicas direcionadas para a população idosa. “É muito importante a gente estar aqui neste momento falando no Setembro Amarelo, para dar visibilidade à questão, mas também temos que pensar em práticas e estratégias que sejam contínuas, ao longo de todo o ano, levando em consideração todos os aspectos e que tenham pulverização do discurso sobre esses cuidados”, declarou a psicóloga.

Josecy Peixoto, médica geriatra e diretora do Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi), aplaudiu a iniciativa da ALBA em discutir alternativas para melhorar a situação dos idosos, “uma população que considera invisível aos olhos da sociedade”. De acordo com a representante da secretária Estadual de Saúde, Roberta Santana (Sesab), a depressão no idoso é uma questão bastante prevalente, sendo um problema de saúde pública, com taxas que atingem 6% da população, podendo aumentar muito esse percentual quando se trata de pacientes institucionalizados e internados. ” São muitas as vulnerabilidades do paciente idoso com relação ao suicídio. Começa por pensamentos de morte, planejamento, tentativa e depois execução. O importante é que a gente preste atenção aos sintomas de desesperança que podem estar presentes na pessoa “, esclareceu a médica, revelando ainda que a psicoeducação é a melhor forma de prevenção do suicídio. A diretora do Creasi também citou outras maneiras de combater o suicídio, como o diagnóstico precoce dos sintomas e a questão de dificultar o acesso dos pacientes aos equipamentos do suicídio, a exemplo de arma de fogo, arma branca e medicações.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A mesa dos debates contou também com a participação de Dora Marcia Zalcbergas, presidente da Comissão do Idoso da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), que sugeriu um projeto para criação de um Centro de Referência da Pessoa Idosa, nos moldes da Prefeitura de Bairro, com funcionamento o dia todo, com assistência, acolhimento, três refeições diárias, serviço médico e atendimento psicológico. Ela lembrou da Lei 10.741/ 2003, o Estatuto do Idoso, garantindo que vem dando bastante publicidade a esta legislação, para que as pessoas não tenham medo de realizar denúncias, especialmente quanto aos casos de violência doméstica de filhos e netos, que muitas vezes se apropriam indevidamente dos proventos da aposentadoria.

Soraya Carvalho, coordenadora do Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (Neps), com mais de trinta anos de experiência nesta temática, disse que o suicídio é um ato de desespero, o resultado da interação de múltiplos fatores, necessitando de uma política pública consistente e eficaz para reduzir o alarmante número de casos. ” Por diversos motivos, hoje cerca de 1.200 idosos se matam por ano no Brasil. É lamentável a perda de tantas vidas”, manifestou a dirigente. A promotora de Justiça Patrícia Medrado, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde do Ministério Público da Bahia, fez uma longa explanação sobre diversos aspectos relacionados à Saúde Mental.

Ela informou sobre o Projeto “Integração e Dignidade”, estruturado no âmbito do Ministério Público, que visa conscientizar e dar material para a atuação dos promotores nos 417 municípios baianos.

Foi uma audiência bem prestigiada pelos parlamentares. A deputada Ludmilla Fiscina (PV) disse que em Alagoinhas, sua base eleitoral, na época em que foi secretária de Assistência Social, conseguiu a instalação do Conselho Municipal do Idoso, a implantação do Fundo de Financiamento do Idoso, além do Centro de Convivência, Caps III e os Lares de Idosos. Para a deputada Fabíola Mansur (PSB), é essencial dar visibilidade à pauta da Saúde Mental, que foi negligenciada por inúmeros governos, sempre sendo a última a receber o financiamento de recursos. A socialista assegura que este é um diálogo que precisa ser feito de forma tripartite, hierarquizando o SUS, sendo uma pauta suprapartidária, um desafio que todos devem fazer parte. “Não temos que procurar culpados, devemos formar um grupo de trabalho e encontrar soluções. Ao mesmo tempo, cobrar dos órgãos públicos uma atuação maior no que diz respeito à Política de Saúde Mental”, definiu a médica oftalmologista.Participaram da audiência os deputados Hassan (PP), Luciano Araújo (SD), Jordavio Ramos (PSDB) e Raimundinho da JR(PL). No final, o deputado José de Arimateia agradeceu aos especialistas, à TV ALBA que transmitiu ao vivo o encontro e convidou a plateia para assistir à exibição de um vídeo que retrata diferentes e opostas situações envolvendo a adolescência (dos 10 aos 20 anos) e a envelhescência (dos 45 aos 65 anos), uma crônica do escritor Mário Prata.

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